segunda-feira, julho 03, 2006

Revista CARTA CAPITAL

NADA ALÉM DO PRETENDIDO

Alcançamos a edição nº 400 com a certeza do dever cumprido, apesar das dificuldades da vida, sem exclusão de calúnias. Por Mino Carta

CartaCapital chega à edição nº 400 em quase 12 anos de vida, com aniversário marcado para meados de agosto próximo. Começou mensal, tornou-se quinzenal em março de 1996 e semanal ao completar sete anos, em agosto de 2001. Agosto, desgosto? Não vale para CartaCapital.


Claro que a vida nem sempre é fácil. Primeiro por razões políticas, se a “minoria branca” decreta sumariamente o esquerdismo de quem denuncia o monstruoso desequilíbrio social que assola o País e se afasta do pensamento único, pelo qual as coisas hão de ficar como estão para ver como ficam.



Quase 12 anos.

Lançada como mensal em agosto de 1994, tornou-se quinzenal em março de 1996 e semanal sete anos depois do nascimento

Diga-se que a revista teve a ousadia de tomar posição a favor de um candidato nas eleições presidenciais de 2002, fato corriqueiro na imprensa de democracias autênticas. Entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra, naquela oportunidade, preferiu o petista, enquanto os demais fingiam eqüidistância com a hipocrisia de sempre, com exceção de O Estado de S. Paulo, que fez legitimamente a sua escolha.


Eleito Lula, tivemos de sofrer, amiúde, a acusação de ser quinhoados por volume exorbitante de publicidade governamental, inclusive por parte de jornalistas a serviço de editoras mais beneficiadas do que CartaCapital. Por exemplo: a revista Exame, da Editora Abril, quinzenal de business, recebe do governo mais publicidade do que nós. Mas haverá alguns dispostos a proclamar: certo, certíssimo. Esta é a sociedade do custo por milheiro, da bonificação de vendas, e outras fórmulas da nossa alquimia mercadológica.


Certo, pelo contrário, é que o governo de Fernando Henrique Cardoso praticamente ignorou CartaCapital. Quanto ao governo atual, optou pela isonomia, sem descurar de certas regras, por mais discutíveis, da publicidade nativa. Envereda-se, por aí, por outro aspecto das dificuldades da vida, econômicas, sem deixarem de ter ligações com a política. Onipresente, como sabemos.


Pergunto-me, de quando em quando, que aconteceria com a The Economist, a semanal mais importante do mundo, fosse ela brasileira. Perco o sono, ao meditar a respeito. Com tiragem total próxima de 1 milhão de exemplares, circula no Reino Unido com pouco mais de 200 mil. Muito menos que Veja, Época e IstoÉ, algo similar a Exame. Com a qual, posso apostar, seria comparada.


Pouco importaria se a revista estivesse sobre a mesa dos figurões do mundo na manhã de segunda-feira. CartaCapital não alcança os figurões do mundo, mas é influente neste rincão medieval. E é pequena e específica, e elaborada com esmero, por opção determinada, de caso pensado.


Não tivessem faltado recursos fartos, como aqueles esbanjados por quem pratica dumping (repito e insisto, dumping) na venda de assinaturas, a oferecer presentes que valem mais do que as próprias, ainda assim CartaCapital seria pouco maior do que é. Sem deixar de representar incentivo ao debate dos assuntos que realmente envolvem as chances de progresso. De evolução. De mudança, no sentido da contemporaneidade.


O simples fato de que incomodamos, a ponto de ser incluídos em um misterioso “mensalão da imprensa”, é prova provada de êxito. Estamos a conseguir nada além do que pretendemos.

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