sexta-feira, novembro 03, 2006

"Será um Ministério de coalizão", anuncia Tarso

Sexta, 3 de novembro de 2006, 14h09
Bob Fernandes

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que passará os próximos dias em Buenos Aires, conversou há pouco com Terra Magazine. Falou sobre a ação pessoal do presidente Lula já a partir da próxima semana para montagem de um governo de coalizão - como noticiado há pouco por esta revista -, discorreu quanto à concertação a ser buscada, também por Lula, para dar início à Reforma Política. Tarso abordou também as rusgas entre governistas e setores da mídia. Leia entrevista:

Terra Magazine - Ministro, temos informações de que o presidente iniciará pessoalmente a conversa com partidos para montagem de um governo de coalizão já na próxima semana. Qual é o desenho disso tudo?
Tarso Genro - Há um duplo movimento. A formação da coalizão, onde entram os partidos, e também a conversa com os governadores. O presidente, a partir disso, e também de conversas com figuras da sociedade civil, montará o seu Ministério.

É uma reforma ou um novo Ministério?
É um novo Ministério. Quem for mantido, será mantido em nome de um governo de coalizão. O segundo movimento, a que me referi, é o de concertação política, em que o presidente, e quem ele indicar, discutirá com a oposição a natureza e a dimensão da Reforma Política.

Essa conversa com a oposição também terá início na próxima semana?
Essa é uma conversa que deverá transcorrer até o final do ano, e que se dará também através das lideranças do Parlamento.

E a questão monetaristas versus desenvolvimentistas que o senhor concentrou ao se referir à "Era Palocci"?
Isso o presidente já arbitrou. Esse debate se deu até onde ele permitiu que se desse. Agora, estamos todos enquadrados, e a decisão do presidente é pela combinação da estabilidade com taxa de crescimento a 5% ou acima disso.

Nos últimos dias, há uma série de rusgas entre governo e setores da mídia. No seu entender, o que está se dando nesse território?
Essa é uma questão que tem de ser discutida de maneira tranqüila e sem radicalizações, sem que caiamos na armadilha da agressão verbal, do baixo calão, das provocações...

...Mas qual é o substrato disso?
No meu entender, à parte causas estruturais, a frustração da expectativa de colunistas, e não são poucos, que não conseguiram eleger o Alckmin e estão transitando para suas colunas reiterações do seu antipetismo.

O senhor poderia ser mais claro?
Te dou dois exemplos: um deles diz que o ministro Tarso Genro é adepto de teorias conspiratórias e o outro escreve que o governo defende o controle da imprensa por um Conselho de Estado. Na verdade, isso é apenas a justificação de um ódio que lhes restou. Grande parte da mídia queria eleger o Alckmin, se sente frustrada com o resultado, e ataca previamente para não ter de discutir suas próprias atitudes.

Mas nesse embate não há riscos e armadilhas?
Isso deve ser visto apenas como o que é, uma disputa política. Não é caso para agressões, nem verbais, nem pessoais. Grande parte da mídia acolheu as teses do Alckmin, mas isso não pode se transformar num torneio de infâmias, de calúnias e de ódio antipetista.

O senhor de fato percebe isso?
Para mim, o mais grave em todo esse processo não foram as denúncias contra o PT, até porque muitas das denúncias eram justas e os assuntos eram de extrema gravidade, mas sim o espírito de incriminação abstrata de toda uma comunidade, "os petistas". Isso sim, no meu entender, foi gravíssimo.

Que capítulo estamos vivendo agora?
O da vacina. Eles tentam exacerbar com puro ódio para não terem suas ações criticadas. Mas não devemos reagir da mesma forma e muito menos ainda permitir qualquer espécie de agressão, pois isso seria fazer com eles o mesmo que eles fizeram conosco.

FONTE: Terra

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