sábado, maio 24, 2008

Físico norte-americano John Wheeler morre aos 96 anos

14/04/2008 - 21h56

da Associated Press

O físico John A. Wheeler, que teve um papel determinante no desenvolvimento da bomba atômica e mais tarde deu nome ao fenômeno dos buracos negros, morreu no domingo (13), aos 96 anos. Wheeler, que foi professor da Universidade Princeton por muitos anos, morreu de pneumonia em sua casa em Hightstown, Nova Jersey.

Wheeler divide espaço na história científica com grandes nomes como Albert Einstein e Niels Bohr, com quem ele trabalhou nas décadas de 30 e 40.

AP
Wheeler (centro) recebe o Prêmio Enrico Fermi do presidente norte-americano Lyndon B. Johnson (à dir), em 1968
Wheeler (centro) recebe o Prêmio Enrico Fermi do presidente Lyndon Johnson (à dir), em 1968; físico trabalhou com bomba

"Para mim, ele foi o último titã, o único físico super-herói ainda de pé", afirmou o cientista Max Tegmark, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), ao jornal "The New York Times".

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e a primeira-dama, Laura Bush, divulgaram um comunicado em que classificam o pesquisador como "um dos maiores físicos dos Estados Unidos", ressaltando o papel de Wheeler como educador.

"Como professor na Universidade Princeton e na Universidade de Texas-Austin, Wheeler inspirou gerações de estudantes... para transformarem sua curiosidade em descobertas científicas", afirmaram.

Nascido em 1911, Wheeler tinha 21 anos quando ganhou o título de doutor pela Universidade Johns Hopkins. Em meados da década de 30, ele foi para Dinamarca para estudar por um ano com Bohr, que ganhou um Prêmio Nobel por seus trabalhos sobre a estrutura do átomo.

Conflito

Em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial na Europa, Bohr chegou aos Estados Unidos com a notícia de que cientistas alemães tinham conseguido dividir átomos de urânio. Trabalhando em Princeton, Bohr e Wheeler esboçaram uma teoria sobre como a fissão nuclear funcionava.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Wheeler fez parte do Projeto Manhattan, que construiu a primeira bomba atômica. Ao contrário de outros colegas, que se disseram arrependidos de seu papel no desenvolvimento do artefato, Wheeler afirmava ter se decepcionado pelo fato de as bombas não terem ficado prontas a tempo de acelerar o fim do conflito na Europa. Seu irmão, Joe, foi morto em combate na Itália em 1944.

Mais tarde, Wheeler ajudou Edward Teller no desenvolvimento da bomba de hidrogênio, ainda mais poderosa.

Em 1967, durante uma conferência, ele criou o termo "buraco negro" para as formações espaciais com enorme força gravitacional --tanto que nada, nem mesmo a luz, pode escapar de sua ação.

Entre seus alunos no início dos anos 40 estava o ganhador do Prêmio Nobel Richard Feynman. Wheeler, que passou a maior parte da carreira acadêmica em Princeton, mudou-se para o Texas em 1976, em razão da aproximação da idade da aposentadoria.

A esposa do físico, com quem foi casado por mais de 70 anos, morreu em outubro do ano passado. O cientista deixa três filhos e diversos netos e bisnetos.

Fonte: UOL

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