sábado, agosto 30, 2008

CIÊNCIA: A grande inquietação

ATENÇÃO!
Concordo em linhas gerais com ss idéias expressas a seguir, mas não concordo com as colocações finais.

Não acredito que a civilização acredite tanto na Ciência. O que as pessoas acreditam é uma "representação" da ciência. a verdadeira Ciência não é dogmática.

Alberto




Escrito por Alberto Luiz Fonseca, De Londres

Nós, seres humanos, procuramos o conhecimento como um todo, mas não sabemos se algum dia o teremos. Provavelmente, nunca. Por isso, somos seres inquietos.

Do todo, quase nada sabemos, até hoje.

Para onde vão os planetas, de onde vieram? Por que estamos aqui? Para onde vamos depois? Hoje vai chover?

O irônico, quanto à pequena parcela de conhecimento do mundo que temos, é que nem sabemos se ela tem realmente alguma importância.

Não sabemos se o que podemos conhecer deste mundo tem alguma relevância em relação a tudo mais, que não está ao nosso alcance entender, mas podemos apenas intuir.

Por isso, é muito importante a lógica, o pensamento cartesiano: um mais um são dois. Mas é ainda mais importante a poesia.

Engana-se quem pensa que a poesia, ou a intuição são abstratas, ou subjetivas, e só a ciência é concreta. A atitude do cientista implica um ato de fé: a fé na possibilidade de conhecer seu objeto.

Assim, para ele, só é problema aquilo que, em princípio, ele pode resolver.

Ou seja, a ciência é exata, mas insuficiente, pois o Homem está sempre a buscar respostas completas, muito mais profundas do que a pobre ciência pode lhe dar.

Por ser o homem como é, por uma forçosa realidade psicológica, ele não consegue renunciar a possuir uma noção completa do mundo, uma idéia integral do universo.

Essa a causa da Grande Inquietação do homem de todos os tempos, esse o tema da filosofia.

O cientista experimental, não podendo solucionar à sua maneira as questões fundamentais (de onde vem o mundo, para onde vai, por que existimos, qual o sentido da vida, qual é a potência/fonte definitiva do cosmos, o que existiria se não existíssemos, se não existisse o mundo concreto que vemos, tocamos, sentimos?), decide abandoná-las.

Como a raposa faz com os cachos de uva mais altos da videira, na fábula; dizendo serem elas "sem interesse".

Sem interesse, porque insolúveis para os métodos usados pelos cientistas. Mas, na verdade, o fato de serem insolúveis só faz aguçar nosso apetite pela verdade.

A verdade científica é bela, exata e incompleta.

Flutua por si só, como um barquinho de papel, no lago da verdade total, à qual se poderia chamar: "mito".

A ciência flutua, portanto, em mitologia e é, ela própria, como totalidade explicativa, mito: o admirável mito europeu, que importamos - sem taxas.

Segundo Aristóteles, filosofia é a ciência que se busca.

De onde vem esse apetite de explicar o universo, da filosofia, essa busca do absoluto? Nada mais fácil: é a atitude nativa e espontânea da mente humana perante a vida.

Quem respira e pensa, faz a si mesmo essas perguntas fundamentais desde que começou a respirar e pensar.

Nós recebemos, como legado do século XIX, o excesso de importância à ciência, que nada mais é que um mito confortável, explicações parciais que mal conseguem se aproximar do todo.

Alguém se pergunta: por que o enorme sucesso dos livros de auto-ajuda nos dias de hoje? Por que a onda interminável de livros "místicos" vendendo milhares ou milhões de cópias, no Brasil, como no mundo todo?

Simplesmente porque nossa civilização, exageradamente "cientifizada" ou científica, vem deixando cada vez maiores buracos, lacunas, nas almas, nos corações das pessoas.

A filosofia, e sua irmã, a poesia, ainda podem salvar-nos.






FONTE: Terra Magazine
por
Alberto Luiz Fonseca, mineiro e diplomata, serve atualmente na Embaixada do Brasil em Londres, onde ocupa o cargo de Adido Cultural. Filho de pais músicos, foi fundador do "Café com Letras", conhecido café e livraria de Belo Horizonte.

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