Repressão a greves e à Marcha dos Sem deixa feridos em SP e no RS
Em São Paulo, ação da Polícia Militar contra policiais civis em greve há um mês abre fosso entre as duas corporações. Governador José Serra (PSDB) diz que não tem responsabilidade no episódio e que não negocia com grevistas. No Rio Grande do Sul , Brigada Militar reprime piquete de bancários em greve e usa bombas e balas de borracha contra integrantes da 13ª Marcha dos Sem. Cerca de 20 pessoas ficaram feridas nestes confrontos.
Marco Aurélio Weissheimer
Bancários, policiais civis e manifestantes da 13ª Marcha dos Sem foram duramente reprimidos, nesta quinta-feira (16) pelas polícias militares dos Estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, ambos governados pelo PSDB. Em SP, o alvo da ação repressiva da PM foram os policiais civis, em greve há um mês, que realizavam uma marcha em direção ao Palácio Bandeirantes, sede do governo.
No RS, a repressão ocorreu em duas etapas. Pela manhã, a Brigada Militar reprimiu com uma violência um piquete de bancários em greve, na frente da agência central do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). À tarde, o alvo da ação da Brigada, comandada pelo coronel Paulo Roberto Mendes, foi a 13ª Marcha dos Sem. O carro do som da manifestação, que se dirigia ao Palácio Piratini, foi bloqueado por um batalhão de choque da Brigada que lançou balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.
"A PM veio agredindo os policiais civis"
A guerra das polícias em São Paulo surpreendeu o país pelas cenas de confrontos que, no final da tarde, passaram a ser exibidas nas redes de televisão. Segundo o presidente da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de SP, Hilkias de Oliveria (AFPCESP), o conflito iniciou depois que os policiais civis que estavam na manifestação pediram, por meio de carro de som, que os PMs largassem os escudos e cacetetes para entrar no Palácio dos Bandeirantes para protestar.
"A PM veio agredindo os policias civis. E os policiais civis gritavam através do carro de som que estavam com o mesmo salário arrochado e que eles guardassem os escudos e cacetetes e os acompanhassem no protesto ao governo, porque mais de 100 mil policiais civis e militares estavam passando fome e eles estavam jogando bomba contra os policiais", relatou Oliveira no site da entidade.
Ainda segundo o presidente da associação, o confronto aconteceu atrás do Palácio quando os policiais civis iam começar a subir para ir para a frente do Palácio. O objetivo era protestar em frente ao Palácio. “Evidente que lideranças queriam que governador os recebesse. O tumulto foi criado pelo governo e pela Polícia Militar, porque os PMs estão a serviço do governo".
O policial civil João Batista Rebouças disse à Agência Brasil que cerca de 3 mil policiais caminhavam pacificamente pelo Morumbi quando foram surpreendidos pela Polícia Militar. "Jogaram polícia contra polícia, isso é um absurdo", afirmou. Segundo Rebouças, seis policiais civis estão feridos e um do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) perdeu um dedo. "Atiraram, jogaram bombas de gás lacrimogêneo, pimenta. Não estamos armados e (estamos) sendo tratados com insensatez". Segundo informou o Hospital Albert Einstein, no final da tarde, doze pessoas chegaram feridas do confronto.
Major da PM critica Serra e pede intervenção federal
Em entrevista a TV Record, o major reformado da Polícia Militar de São Paulo, Sérgio Olimpio, criticou duramente o governo José Serra e defendeu a intervenção federal no Estado de São Paulo. Segundo ele, o governo foi absolutamente irresponsável ao não negociar com os policiais em greve, deixando que a situação chegasse ao confronto. “O governo não tem mais qualquer condição de administrar o conflito entre as políticas. Esse conflito é fruto da incompetência e da gestão desastrosa do governo do Estado”, criticou.
O governador José Serra, em entrevista à TV Bandeirantes, eximiu-se de qualquer responsabilidade em relação à guerra entre as polícias e acusou o PT, o PDT, a CUT e a Força Sindical de querer fazer “exploração eleitoral” do episódio. Serra defendeu a ação da Polícia Militar contra os grevistas da Polícia Civil. Além disso, o governador tucano reafirmou que não vai negociar com grevistas.
O presidente do PT em São Paulo, José Américo Dias, respondeu ao governador, dizendo que ele tenta de forma oportunista jogar nas "costas do PT um problema que é dele". " Ele ganhou o governo com perspectiva de melhorar os salários, com essa promessa e ao contrário, o que ele fez foi trair as promessas que fez quando era candidato e agora diante da greve que já dura mais de 30 dias, diante de um movimento, tenta tirar o corpo fora e politizar a questão", afirmou Dias à Agência Estado.
No RS, Brigada Militar reprime greve e Marcha dos Sem
Em Porto Alegre, após reprimir um piquete de bancários em greve pela manhã, a Brigada Militar voltou a entrar em ação à tarde, desta vez, contra a 13ª Marcha dos Sem, em frente ao Palácio Piratini. Os brigadianos trancaram a passagem do carro de som da manifestação e usaram balas de borracha e as chamadas "bombas de efeito moral" para dispersar os manifestantes. As primeiras informações dão conta que cerca de dez pessoas ficaram feridas.
Os deputados Raul Pont, Dionilso Marcon, Ronaldo Zulke, Mariza Formolo, do PT, e Raul Carrion, do PCdoB, saíram da Assembléia e foram conversar com o comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Roberto Mendes (conhecido pela linha dura de repressão que vem aplicando contra os movimentos sociais e sindicatos no Estado), que comandava a operação.
Criou-se uma grande confusão e os parlamentares chegaram a ser empurrados por brigadianos. Ronaldo Zulke disse ao coronel Mendes: "O senhor pode falar conosco. Somos parlamentares. Não precisa se esconder atrás dos PMs".
O carro de som dos manifestantes acabou sendo liberado e foi para a frente do Palácio Piratini. Sob o olhar do coronel Mendes que permaneceu na porta da Catedral Metropolitana, cercado por PMs do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Foi saudado pelos manifestantes da Marcha que, em côro, o chamaram de "fascista". Até o final da tarde, a governadora Yeda Crusius ainda não havia se manifestado sobre o conflito.
Fonte: Carta Maior
No RS, a repressão ocorreu em duas etapas. Pela manhã, a Brigada Militar reprimiu com uma violência um piquete de bancários em greve, na frente da agência central do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul). À tarde, o alvo da ação da Brigada, comandada pelo coronel Paulo Roberto Mendes, foi a 13ª Marcha dos Sem. O carro do som da manifestação, que se dirigia ao Palácio Piratini, foi bloqueado por um batalhão de choque da Brigada que lançou balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.
"A PM veio agredindo os policiais civis"
A guerra das polícias em São Paulo surpreendeu o país pelas cenas de confrontos que, no final da tarde, passaram a ser exibidas nas redes de televisão. Segundo o presidente da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de SP, Hilkias de Oliveria (AFPCESP), o conflito iniciou depois que os policiais civis que estavam na manifestação pediram, por meio de carro de som, que os PMs largassem os escudos e cacetetes para entrar no Palácio dos Bandeirantes para protestar.
"A PM veio agredindo os policias civis. E os policiais civis gritavam através do carro de som que estavam com o mesmo salário arrochado e que eles guardassem os escudos e cacetetes e os acompanhassem no protesto ao governo, porque mais de 100 mil policiais civis e militares estavam passando fome e eles estavam jogando bomba contra os policiais", relatou Oliveira no site da entidade.
Ainda segundo o presidente da associação, o confronto aconteceu atrás do Palácio quando os policiais civis iam começar a subir para ir para a frente do Palácio. O objetivo era protestar em frente ao Palácio. “Evidente que lideranças queriam que governador os recebesse. O tumulto foi criado pelo governo e pela Polícia Militar, porque os PMs estão a serviço do governo".
O policial civil João Batista Rebouças disse à Agência Brasil que cerca de 3 mil policiais caminhavam pacificamente pelo Morumbi quando foram surpreendidos pela Polícia Militar. "Jogaram polícia contra polícia, isso é um absurdo", afirmou. Segundo Rebouças, seis policiais civis estão feridos e um do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) perdeu um dedo. "Atiraram, jogaram bombas de gás lacrimogêneo, pimenta. Não estamos armados e (estamos) sendo tratados com insensatez". Segundo informou o Hospital Albert Einstein, no final da tarde, doze pessoas chegaram feridas do confronto.
Major da PM critica Serra e pede intervenção federal
Em entrevista a TV Record, o major reformado da Polícia Militar de São Paulo, Sérgio Olimpio, criticou duramente o governo José Serra e defendeu a intervenção federal no Estado de São Paulo. Segundo ele, o governo foi absolutamente irresponsável ao não negociar com os policiais em greve, deixando que a situação chegasse ao confronto. “O governo não tem mais qualquer condição de administrar o conflito entre as políticas. Esse conflito é fruto da incompetência e da gestão desastrosa do governo do Estado”, criticou.
O governador José Serra, em entrevista à TV Bandeirantes, eximiu-se de qualquer responsabilidade em relação à guerra entre as polícias e acusou o PT, o PDT, a CUT e a Força Sindical de querer fazer “exploração eleitoral” do episódio. Serra defendeu a ação da Polícia Militar contra os grevistas da Polícia Civil. Além disso, o governador tucano reafirmou que não vai negociar com grevistas.
O presidente do PT em São Paulo, José Américo Dias, respondeu ao governador, dizendo que ele tenta de forma oportunista jogar nas "costas do PT um problema que é dele". " Ele ganhou o governo com perspectiva de melhorar os salários, com essa promessa e ao contrário, o que ele fez foi trair as promessas que fez quando era candidato e agora diante da greve que já dura mais de 30 dias, diante de um movimento, tenta tirar o corpo fora e politizar a questão", afirmou Dias à Agência Estado.
No RS, Brigada Militar reprime greve e Marcha dos Sem
Em Porto Alegre, após reprimir um piquete de bancários em greve pela manhã, a Brigada Militar voltou a entrar em ação à tarde, desta vez, contra a 13ª Marcha dos Sem, em frente ao Palácio Piratini. Os brigadianos trancaram a passagem do carro de som da manifestação e usaram balas de borracha e as chamadas "bombas de efeito moral" para dispersar os manifestantes. As primeiras informações dão conta que cerca de dez pessoas ficaram feridas.
Os deputados Raul Pont, Dionilso Marcon, Ronaldo Zulke, Mariza Formolo, do PT, e Raul Carrion, do PCdoB, saíram da Assembléia e foram conversar com o comandante da Brigada Militar, coronel Paulo Roberto Mendes (conhecido pela linha dura de repressão que vem aplicando contra os movimentos sociais e sindicatos no Estado), que comandava a operação.
Criou-se uma grande confusão e os parlamentares chegaram a ser empurrados por brigadianos. Ronaldo Zulke disse ao coronel Mendes: "O senhor pode falar conosco. Somos parlamentares. Não precisa se esconder atrás dos PMs".
O carro de som dos manifestantes acabou sendo liberado e foi para a frente do Palácio Piratini. Sob o olhar do coronel Mendes que permaneceu na porta da Catedral Metropolitana, cercado por PMs do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Foi saudado pelos manifestantes da Marcha que, em côro, o chamaram de "fascista". Até o final da tarde, a governadora Yeda Crusius ainda não havia se manifestado sobre o conflito.
Fonte: Carta Maior
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