sexta-feira, janeiro 02, 2009

PLACAR ATUAL: Israel 430 x 16 Palestinos

População do sul de Israel exige que bombardeios sobre Gaza continuem
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Da Efe, em Sderot, Israel

O apoio à ofensiva militar sobre a Faixa de Gaza é quase unânime entre a população do sul de Israel, onde os foguetes palestinos geraram medo, raiva e a convicção de que vale de tudo para acabar com o Hamas.

Desde o início da ofensiva israelense, no último dia 27, o Hamas, que domina Gaza desde junho de 2007, intensificou o lançamento de foguetes contra o sul de Israel. Os ataques mataram quatro pessoas, e atingiram cidades localizadas a até 40 quilômetros da fronteira.


Segundo Israel, a ofensiva é uma resposta à violação --e lançamento de foguetes-- do Hamas da trégua de seis meses assinada com Israel e que acabou oficialmente no último dia 19. Trata-se da pior ofensiva realizada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Imagens na televisão não comovem

O crescente número de mortos vítimas civis na faixa e a dureza das imagens de dor que chegam à televisão israelense não comovem a população das comunidades próximas a Gaza, onde o apoio à operação militar é em massa e quase ninguém se mostra a favor do fim dos ataques.

Das ruas de Sderot são avistados a apenas três quilômetros de distância os aviões israelenses que bombardeiam a região, mas não se ouvem seus disparos, embora, se se olhar fixamente, pode-se ver uma chama de luz cada vez que eles soltam suas cargas.

O que se escuta a cada certo tempo são as sirenes advertindo do lançamento de um foguete a partir da faixa, fazendo com que todo mundo deixe o que está fazendo e se esconda no refúgio mais próximo, uma rotina à qual a população desta localidade está acostumada há anos.

Nos cafés e restaurantes pessoas comem de costas para os canais de televisão que mostram a destruição em Gaza, mas que, sobretudo, dedicam seus espaços a mostrar imagens do medo vivido pelos povoados do sul do país e os destroços causados pelos foguetes palestinos que chegam ao território israelense.

"Cem por cento da população do sul e 90% dos israelenses apoiam esta operação. Queremos que continue e não nos importa esperar meses até que o Exército acabe com seu trabalho e expulse todas as organizações terroristas de Gaza'", disse Shalom Halevi, porta-voz adjunta da Prefeitura de Sderot.

Desequilíbrio de forças

Desde o começo da ofensiva militar israelense, no sábado passado, morreram em Gaza 430 pessoas e mais de 2.200 ficaram feridas, enquanto os foguetes das milícias palestinas, a maioria de fabricação caseira e elaborados com encanamentos, mataram nos últimos oito anos 16 israelenses, quatro deles esta semana.

Após sete dias de contínuos bombardeios em Gaza, o Exército israelense reconheceu que tinha superestimado a capacidade balística do Hamas e que a ameaça para o sul do país é menor que o havia estimado inicialmente, informou hoje o jornal israelense "Haaretz".

Na localidade de Ashdod, onde uma mulher morreu por causa do impacto de um míssel Katyusha nesta terça-feira (30), o empresário Amos Yamin assegurou: "Há vítimas civis, mas o que vamos fazer? Nós queremos a paz, é o Hamas que nos atira bombas o tempo todo".

Os colégios estão fechados desde que caiu o primeiro foguete, e as ruas estão mais vazias do que o habitual. Não se percebe, no entanto, nervosismo na cidade, onde se podem ver algumas crianças andando de bicicleta e mulheres com seus filhos fazendo lanches nas cafeterias.

Contra os bombardeios, apenas uma minoria

Quem é contra a continuação da ofensiva é minoria e não o manifesta abertamente. É o caso de Aaron Medina, israelense descendente de espanhóis que opina que os bombardeios não são a solução. "Queriam demonstrar que Israel é o mais forte, mas isso todo mundo já sabia". Medina acredita que a única saída para que haja paz na região será um acordo político.

Dina Babulpan, gerente da Prefeitura de Ashdod, também acredita que a solução terá que ser negociada para ser definitiva, mas considera que "primeiro é preciso destruir o Hamas para depois se falar com eles".

Segundo uma enquete divulgada ontem pelo jornal "Haaretz", 52% dos israelenses querem que os bombardeios continuem sobre Gaza, enquanto apenas 20% da população pede que se negocie uma trégua.

Ontem à noite, cerca de 20 jovens poetas realizaram uma vigília com leitura de poemas em frente a casa do ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, de quem exigem que acabe com a destruição em Gaza.

Hoje, poucas dezenas de pessoas se manifestaram na cidade portuária de Haifa para protestar contra a ofensiva, mas a aposta pelo fim da violência é minoritária em Israel, onde até mesmo o único partido pacifista, o Meretz, apoiou a sangrenta ofensiva contra a região palestina.

Fonte: UOL

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