Decidir.com, Inc. foi uma "empresa ponto com" norteamericana, subsidiária da matriz argentina "Decidir", de busca e verificação de dados cadastrais e crédito. Registrada em Miami no dia 3 de maio de 2000 sob o número P00000044377, ganhou certa notoriedade no Brasil por ter tido como membros da diretoria tanto Verônica Dantas Rodemburg, irmã de Daniel Dantas, do CVC Opportunity, como Verônica Allende Serra, filha do governador José Serra e funcionária do fundo International Real Returns. Tal fato foi utilizado por adversários do político paulista na tentativa de ligá-lo ao banqueiro Daniel Dantas.
A empresa tinha sede na Argentina e filiais no Chile, México, Venezuela, Brasil além da filial estadunidense. Segundo o jornalista Marco Damiani, o site ofereceria consultas diversas, inclusive pesquisas de editais públicos de licitações no Brasil. "Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado" escreveu ele em coluna da Revista "Isto É Dinheiro".[1][2].
Verônica Serra, que é advogada formada na Faculdade de Direito da USP com mestrado (MBA) na Universidade Harvard[2], retirou-se da empresa pouco depois do estouro da bolha da internet em 2001[3]
A diretoria executiva da Decidir.com, Inc. era assim composta: Brian Kim (representando o Citibank), Verônica Valente Dantas Rodemburg (representando o fundo CVC Opportunity), Guy Nevo (representando a Decidir Argentina), Verônica Allende Serra (representando o fundo International Real Returns - IRR), além de Esteban Nofal e Esteban Brenman.
Com o estouro da bolha da internet em maio de 2001[3], os fundos de investimentos Citibank, CVC Opportunity e IRR se retiraram do negócio, ficando a Decidir.com apenas com as operações na Argentina e Brasil[4].
Atualmente, apenas a matriz Decidir.com, que atua na Argentina está em operação, e sua proposta de negócios anunciada é: "Com nossos serviços você poderá concretizar Negócios Seguros, evitando riscos desnecessários"[5].
A Decidir.com, Inc teria sido fechada em 5 de março de 2002, assim como tantas outras empresas "ponto com" devido ao colapso das ações de tecnologia na bolsa NASDAQ. Cópia dos documentos estão a disposição de qualquer pessoa no site sunbiz.org, que fornece cópias de documentos públicos emitidos na capital da Flórida.
Vazamento de dados de crédito de correntistas brasileiros
Em janeiro de 2001, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria em que divulgou uma relação de 18 deputados que haviam emitido cheques sem fundos no Brasil. Os dados foram conseguidos, sem maiores dificuldades, através da consulta ao sistema da Decidir.com. Segundo o jornal, o banco de dados da empresa esteve aberto a qualquer pessoa que se cadastrasse, o que seria ilegal perante normas do Banco Central na época. Os dados de outras 692 autoridades brasilienses também foram vasculhados pelo jornal, entre eles o do então presidente Fernando Henrique Cardoso[6]. Segundo entrevista com o presidente do Serasa - outra empresa de consulta de dados de crédito - Líbio Seixas, "Os dados só podem ser usados para a concessão de crédito.
Há um código de ética disciplinando o uso das informações e a quebra dessa regra pode resultar em processo por danos morais". A representante da Decidir.com ouvida pelo jornal, Cíntia Yamamoto, afirmou que "as pessoas estavam conseguindo se cadastrar, nos últimos 10 ou 12 dias, sem comprovar relação com o comércio. Agora reformulamos as regras de acesso à base de dados e isso não é mais possível". O jornal confirmou que a senha obtida pela reportagem para ter acesso aos dados foi bloqueada pelos administradores do site após serem procurados[7].
Mais de nove anos depois, em setembro de 2010, a revista Carta Capital publicou matéria de capa alegando que dados protegidos por sigilo bancário de quase 60 milhões de correntistas brasileiros e informações relativas ao Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos ficaram expostos, por cerca de 20 dias, à visitação pública no site da Decidir.com.
A Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, proíbe a divulgação de dados cadastrais a terceiros e a Lei n˚ 4.595 de 1964 caracteriza a quebra de sigilo bancário como crime. No dia 30 de janeiro de 2001, Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou ofício ao Banco Central, na época dirigido por Armínio Fraga, solicitando explicações sobre a quebra.[8]
Segundo a revista Carta Capital, o governo brasileiro, então sob gestão de Fernando Henrique Cardoso do PSDB, teria tentado abafar o caso. A revista aponta como evidências o fato de que o Banco Central não instaurou processo administrativo para averiguar a existência de um acordo entre o Banco do Brasil e a Decidir.inc, o que alegadamente deveria ter ocorrido, uma vez que a a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. Também afirma que as empresas envolvidas deveriam ter sido alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF), o que não ocorreu. O Ministério da Justiça, pasta à qual a PF é subordinada, era então dirigido por José Gregori, tesoureiro da campanha de José Serra à presidência do Brasil em 2010.[8]
Desmentido de Verônica Serra
Por ocasião da prisão de Daniel Dantas juntamente com sua irmã Verônica Dantas, Verônica Serra, filha do governador de São Paulo José Serra (PSDB), emitiu nota à imprensa em que nega ter sido sócia de Verônica Dantas na empresa Decidir.com, Inc., cuja sede ficava nos Estados Unidos. Segundo Verônica Serra, ela era apenas representante indicada do fundo de investimentos em que trabalhava para compor o conselho de administração da empresa de internet.
Diz ainda ela nunca viu Verônica Dantas nas reuniões em que participou e que o objetivo principal da Decidir não era o de facilitar que os seus clientes se tornassem fornecedores do Estado, mas disponibilizar bancos de dados com informações cadastrais públicas e privadas em qualquer ramo de atividade.[4]
Referências
1. ↑ DAMIANI, Marco, com STUDART, Hugo Studart e LEITE, Janaína. As duas Verônicas. Revista IstoÉ Dinheiro, 25 de Setembro de 2002
2. ↑ a b MARTINS, Ivan. "PERFIL Verônica Serra". Revista IstoÉ Dinheiro
3. ↑ a b Redação Terra. "Anos 00: empresas virtuais, Nasdaq e a Bolha". Web Site Terra Tecnologia
4. ↑ a b SERRA,Verônica. "Esclarecimento". Google Sites
5. ↑ "Portal da empresa Decidir"
6. ↑ GRAMACHO, Wladimir. 18 deputados emitiram cheques sem fundos. Jornal Folha de São Paulo, 30 de janeiro de 2001 - só para assinantes
7. ↑ GRAMACHO, Wladimir. Site pode ser processado por divulgar dados sigilosos do BC. Jornal Folha de São Paulo, 31 de janeiro de 2001 - só para assinantes
8. ↑ a b Carta Capital: filha de Serra expôs sigilo de milhões de pessoas. Vermelho, republicação de conteúdo da revista Carta Capital. Página visitada em 10 de setembro de 2010.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Decidir.com,_Inc
A empresa tinha sede na Argentina e filiais no Chile, México, Venezuela, Brasil além da filial estadunidense. Segundo o jornalista Marco Damiani, o site ofereceria consultas diversas, inclusive pesquisas de editais públicos de licitações no Brasil. "Encontre em nossa base de licitações a oportunidade certa para se tornar um fornecedor do Estado" escreveu ele em coluna da Revista "Isto É Dinheiro".[1][2].
Verônica Serra, que é advogada formada na Faculdade de Direito da USP com mestrado (MBA) na Universidade Harvard[2], retirou-se da empresa pouco depois do estouro da bolha da internet em 2001[3]
A diretoria executiva da Decidir.com, Inc. era assim composta: Brian Kim (representando o Citibank), Verônica Valente Dantas Rodemburg (representando o fundo CVC Opportunity), Guy Nevo (representando a Decidir Argentina), Verônica Allende Serra (representando o fundo International Real Returns - IRR), além de Esteban Nofal e Esteban Brenman.
Com o estouro da bolha da internet em maio de 2001[3], os fundos de investimentos Citibank, CVC Opportunity e IRR se retiraram do negócio, ficando a Decidir.com apenas com as operações na Argentina e Brasil[4].
Atualmente, apenas a matriz Decidir.com, que atua na Argentina está em operação, e sua proposta de negócios anunciada é: "Com nossos serviços você poderá concretizar Negócios Seguros, evitando riscos desnecessários"[5].
A Decidir.com, Inc teria sido fechada em 5 de março de 2002, assim como tantas outras empresas "ponto com" devido ao colapso das ações de tecnologia na bolsa NASDAQ. Cópia dos documentos estão a disposição de qualquer pessoa no site sunbiz.org, que fornece cópias de documentos públicos emitidos na capital da Flórida.
Vazamento de dados de crédito de correntistas brasileiros
Em janeiro de 2001, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria em que divulgou uma relação de 18 deputados que haviam emitido cheques sem fundos no Brasil. Os dados foram conseguidos, sem maiores dificuldades, através da consulta ao sistema da Decidir.com. Segundo o jornal, o banco de dados da empresa esteve aberto a qualquer pessoa que se cadastrasse, o que seria ilegal perante normas do Banco Central na época. Os dados de outras 692 autoridades brasilienses também foram vasculhados pelo jornal, entre eles o do então presidente Fernando Henrique Cardoso[6]. Segundo entrevista com o presidente do Serasa - outra empresa de consulta de dados de crédito - Líbio Seixas, "Os dados só podem ser usados para a concessão de crédito.
Há um código de ética disciplinando o uso das informações e a quebra dessa regra pode resultar em processo por danos morais". A representante da Decidir.com ouvida pelo jornal, Cíntia Yamamoto, afirmou que "as pessoas estavam conseguindo se cadastrar, nos últimos 10 ou 12 dias, sem comprovar relação com o comércio. Agora reformulamos as regras de acesso à base de dados e isso não é mais possível". O jornal confirmou que a senha obtida pela reportagem para ter acesso aos dados foi bloqueada pelos administradores do site após serem procurados[7].
Mais de nove anos depois, em setembro de 2010, a revista Carta Capital publicou matéria de capa alegando que dados protegidos por sigilo bancário de quase 60 milhões de correntistas brasileiros e informações relativas ao Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos ficaram expostos, por cerca de 20 dias, à visitação pública no site da Decidir.com.
A Resolução 1.682 do Conselho Monetário Nacional, de 31 de janeiro de 1990, proíbe a divulgação de dados cadastrais a terceiros e a Lei n˚ 4.595 de 1964 caracteriza a quebra de sigilo bancário como crime. No dia 30 de janeiro de 2001, Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados, enviou ofício ao Banco Central, na época dirigido por Armínio Fraga, solicitando explicações sobre a quebra.[8]
Segundo a revista Carta Capital, o governo brasileiro, então sob gestão de Fernando Henrique Cardoso do PSDB, teria tentado abafar o caso. A revista aponta como evidências o fato de que o Banco Central não instaurou processo administrativo para averiguar a existência de um acordo entre o Banco do Brasil e a Decidir.inc, o que alegadamente deveria ter ocorrido, uma vez que a a empresa não era uma entidade de defesa do crédito, mas de promoção de concorrência. Também afirma que as empresas envolvidas deveriam ter sido alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF), o que não ocorreu. O Ministério da Justiça, pasta à qual a PF é subordinada, era então dirigido por José Gregori, tesoureiro da campanha de José Serra à presidência do Brasil em 2010.[8]
Desmentido de Verônica Serra
Por ocasião da prisão de Daniel Dantas juntamente com sua irmã Verônica Dantas, Verônica Serra, filha do governador de São Paulo José Serra (PSDB), emitiu nota à imprensa em que nega ter sido sócia de Verônica Dantas na empresa Decidir.com, Inc., cuja sede ficava nos Estados Unidos. Segundo Verônica Serra, ela era apenas representante indicada do fundo de investimentos em que trabalhava para compor o conselho de administração da empresa de internet.
Diz ainda ela nunca viu Verônica Dantas nas reuniões em que participou e que o objetivo principal da Decidir não era o de facilitar que os seus clientes se tornassem fornecedores do Estado, mas disponibilizar bancos de dados com informações cadastrais públicas e privadas em qualquer ramo de atividade.[4]
Referências
1. ↑ DAMIANI, Marco, com STUDART, Hugo Studart e LEITE, Janaína. As duas Verônicas. Revista IstoÉ Dinheiro, 25 de Setembro de 2002
2. ↑ a b MARTINS, Ivan. "PERFIL Verônica Serra". Revista IstoÉ Dinheiro
3. ↑ a b Redação Terra. "Anos 00: empresas virtuais, Nasdaq e a Bolha". Web Site Terra Tecnologia
4. ↑ a b SERRA,Verônica. "Esclarecimento". Google Sites
5. ↑ "Portal da empresa Decidir"
6. ↑ GRAMACHO, Wladimir. 18 deputados emitiram cheques sem fundos. Jornal Folha de São Paulo, 30 de janeiro de 2001 - só para assinantes
7. ↑ GRAMACHO, Wladimir. Site pode ser processado por divulgar dados sigilosos do BC. Jornal Folha de São Paulo, 31 de janeiro de 2001 - só para assinantes
8. ↑ a b Carta Capital: filha de Serra expôs sigilo de milhões de pessoas. Vermelho, republicação de conteúdo da revista Carta Capital. Página visitada em 10 de setembro de 2010.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Decidir.com,_Inc
Nenhum comentário:
Postar um comentário