sábado, outubro 09, 2010

O dia em que a Folha matou meu pai

Dia 24 a Folha matou meu pai

Por Rogério Tuma, na CartaCapital

Mentira: a serviço de alguma força obscura, Folha Online e UOL noticiam a morte do senador Tuma e não se retratam

O maior crime cometido pela imprensa nesta eleição ocorreu no dia 24 de setembro, quando a Folha Online e o site UOL noticiaram a morte do senador Romeu Tuma, meu pai e paciente. Foi completamente abafado pelo corporativismo deste quarto poder que hoje se diz ameaçado.

Em uma manobra sórdida e a serviço de alguma força obscura, mas que a justiça ou o tempo vão desmascarar, duas empresas do Grupo Folha de S. Paulo tentam eliminar da campanha política um senador da República candidato à reeleição, sem sequer se importar com o ser humano e toda uma família vítima desta maldade hedionda.

A mídia alardeia que não merece ser presidente quem desconhece as ações do seu segundo ou terceiro escalão, e até o presente momento o senhor Otavio Frias Filho ainda não se manifestou sobre o “assassinato”de meu pai, cometido por uma de suas jornalistas.

Já foi dito à minha família que quem ocupa cargo importante não pode cometer erros sob pena de ser pré-julgado e perder o seu posto. Mas, e no caso de uma instituição? Como ela deveria pagar por isso?

O presidente do grupo deve ter se esquecido, mas tive a oportunidade de conhecer seu pai e outras pessoas de sua família, em situação semelhante àquela atual em que meu pai se encontra, sem condições físicas para se defender, daí recordar o tratamento de respeito e dignidade reservado a Otavio Frias de Oliveira, bem ao contrário daquele que o grupo herdado dá agora ao senador Romeu Tuma.

Digo a você, “Otavinho”, que o que herdamos de nossos pais é apenas o potencial e não o poder. Precisamos nos desenvolver para conseguirmos chegar perto do que seu pai foi e o que o meu é. Não se herda respeito, o legado são as nossas obrigações e os feitos de nossos pais. Eles são o exemplo a ser seguido e nossa sorte é poder assistir a seus atos de perto, para aprender as lições.

Eu não falo aqui apenas como filho, mas como médico responsável pelo tratamento do senador e também como membro da comissão de ética do hospital onde ele está internado.

Posso afirmar, portanto, que jamais integrante algum da Folha Online e UOL entrou em contato com as pessoas aptas a fornecer uma informação dessa importância para confirmá-la ou desmenti-la. Fato e boato são duas coisas complementares diferentes, e isso deveria estar escrito em qualquer manual de conduta de um jornalista.

Diga-se que diversas outras instituições da imprensa buscaram a veracidade da notícia e não a publicaram por não poder confirmá-la, mesmo duvidando dos boletins médicos.

A redação da Folha não se redimiu nem após horas de discussão em que o diretor de jornalismo não quis acreditar em meu irmão, e sim na “confiável” jornalista, cuja fonte seria um médico do corpo clínico do hospital. Não pode ser incompetência apenas preferir a apalavra do jornalista e do médico não identificado. Tudo aponta para uma orquestração maligna pela conquista de poder. Nem o príncipe de Maquiavel pensaria em uma coisa dessas.

Não bastasse isso, o Grupo Folha espalhou a mentira e insistiu nela. Tivemos paciência, e aguardamos o dia seguinte, pois a moral os obrigaria a dar o mesmo espaço e destaque à verdade quanto fora dado à mentira. Esperamos em vão. O ombudsman do grupo que está de férias ou ficou tão envergonhado com a empresa onde trabalha que se demitiu. Certo é que a coluna dele não fez citação ao ocorrido.

Houve candidato à mesma vaga de meu pai que comemorou e deu ordem para estampar a notícia em seu site. Por sabedoria de seus companheiros, o ato foi adiado, mas seu ódio e inveja ficaram expostos.

Adepto da teoria do caos, sei que nada se dá por acaso e que cada ato leva a uma consequência. O Grupo Folha cobriu-se de vergonha. Para meu pai, que mesmo impedido de vir a público pelos médicos para denunciar esta farsa, valeu para ganhar forças e recuperar-se e voltar à sua vida de trabalho e luta em prol da verdadeira democracia.

Políticos que não leram Platão não sabem o quanto é difícil para o homem honesto chegar ao poder, e quanta sorte tem uma nação quando isso ocorre.

Esses políticos nunca entendem por que são derrotados nas urnas. Isso tudo evoca o senhor José Serra: na época da campanha à prefeitura de São Paulo, quando meu pai era pré-candidato, Serra foi categórico ao dizer que sua mãe votaria no doutor Romeu Tuma e não nele. E evoca o candidato Aloysio Nunes Ferreira, esquecido que em sua campanha, em 1994, foi Romeu Tuma um dos que mais o ajudaram. Quem sabe eles saibam explicar a mentira do Grupo Folha.

No momento sem uma imprensa justa e honesta, basta ao senador Romeu Tuma o direito de ler seu obituário e completá-lo.

A Rede Globo foi muito econômica com seus efeitos. E o luto é da imprensa brasileira.

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