domingo, setembro 17, 2006

Distorção de resultados nas pesquisas IBOPE e Datafolha

LUIZ FERNANDO CARCERONI
Distorção de resultados nas pesquisas IBOPE e Datafolha

Estranhamente, os percentuais do IBOPE, que eram mais próximos do IBGE desde Janeiro de 2006 até junho de 2006, foram agora alterados.

Estou impressionado com uma eventual manipulação de resultados das pesquisas do IBOPE e Datafolha e com o sumiço da Sensus do cenário de pesquisas eleitorais nacionais. A pesquisa Sensus/CNT está suspensa por decisão do presidente da CNT. Mas vamos aos fatos. O modelo para as pesquisas eleitorais utilizado pelos institutos de pesquisa se fundamenta em informações do Censo2000, do PNAD2004 e do TSE (2004 e 2006). Os dados percentuais relevantes do modelo são: As porcentagens relativas a: gênero, escolaridade, faixa etária, região, estado, tipo de município e local de moradia.

A escolaridade é dividida em três segmentos: A porcentagem de cada segmento apontada pelo último PNAD2004 se distribui nos seguintes percentuais: fundamental (62%), médio (28%) e superior (10%). O estrato fundamental é muito largo e diferenciado social e economicamente em seus extremos. É conveniente reparti-lo em dois substratos: o de 1ª a 4ª séries (35%) e o de 5ª a 8ª séries (27%). Assim deveriam proceder os institutos de pesquisa, para uma maior confiança nos resultados apurados.

Estranhamente, os percentuais do IBOPE, que eram mais próximos do IBGE desde Janeiro de 2006 até junho de 2006, foram agora alterados. A partir de Julho, o IBOPE reduziu os percentuais da escolaridade fundamental em suas pesquisas e se aproximou dos percentuais usados pelo Datafolha. O Datafolha agora está trabalhando também para a Rede Globo, aqui está o ponto crucial. Desse modo, tornou-se oportuno que os dois institutos divulgassem resultados compatíveis. Alcançada a meta, podem exibir resultados semelhantes até as vésperas das eleições.

E há outro fato relevante. Agora o mercado de pesquisa está desequilibrado pela falta de concorrentes. E neste particular a decisão da CNT colaborou. A Sensus que usa em sua amostra os estratos de escolaridade do IBGE, vinha apresentando seus resultados com discrepâncias em relação as pesquisas globais.

É evidente que se as amostras do IBOPE e Datafolha emagrece os números da escolaridade fundamental, emagrecem também a votação de quem é o preferido nela - Lula. E ao engordar os outros níveis de escolaridade também distorce os resultados. Desse modo, as pesquisas apresentan resultados mais magros atribuidos a Lula e ampliam um pouco os de Alckimin e Heloisa Helena, sem a menor sombra de dúvida. Seriam atos deliberados em detrimento da verdade?

Nos quadros (2 e 3) figuram os números percentuais de escolaridade usados pelo DATAFOLHA e o IBOPE nos últimos meses. Usam percentuais bem distantes dos valores apontados pelo IBGE no quadro (1). A dieta imposta a Lula pelos 10% a menos na escolaridade fundamental retira-lhe milhões de votos, ao ser considerado o universo de 126 milhões de eleitores. Analise os números e tire suas conclusões! Para mim, os números de Alckimin e Heloisa Helena estão sendo inflados de propósito. Com qual propósito?

Quadros de escolaridade nas pesquisas eleitorais comparados ao do IBGE.

Quadro 1 - Escolaridade IBGE
IBGE
PNAD 2004
Fundamental
62%
Médio
28%
Superior
10%

Quadro 2 – Escolaridade IBOPE
Ibope Jun 06
Jul 06
Set 06
Fundamental
59
54
52
Médio
30
34
37
Superior
11
11
11

Quadro 3– Escolaridade Datafolha
Datafolha
Jun 06
Jul 06
Set 06
Fundamental
52,5
51,7
51,8
Médio
35,5
37,6
37,8
Superior
12
10,7
10,4




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