terça-feira, julho 17, 2007

O "Mão Santa", as vaias e a ginástica


Logo acima da tribuna da imprensa, um torcedor na Arena Multiuso do Rio vaiava insistentemente todo ginasta que fosse concorrer com um brasileiro. Já seria um gesto descortês para qualquer espectador. Mas tinha um agravante: o agitador era o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt.

Depois da apresentação de Diego Hypólito na final de solo, o "Mão Santa" passou a vaiar os demais atletas com a esperança de atrapalhá-los. Quando o chileno Enrique González Sepuvelda subiu ao tablado, o maior cestinha do basquete brasileiro gritou: "Vai cair, Chile, vai cair".

Parte do público também adotou esse comportamento na primeira metade das apresentações, especialmente contra as norte-americanas, seguindo um padrão desde a abertura da modalidade no Pan, no sábado. Erros dos adversários eram comemorados.

A ginasta Laís Souza reprovou a iniciativa dessa fração do público. "A torcida foi muito importante para nós e nos deu energia. Mas só não gostei dessa parte da vaia, acho que não ginástica não pode existir isso", afirmou.

Ao saber que um ex-atleta estava entre os que hostilizavam as adversárias, a ginasta se mostrou surpresa. "A ginástica não é um jogo, como futebol, vôlei ou basquete. Cada uma compete de uma vez, mas você não pode torcer contra. Com certeza isso um dia pode voltar contra você."

A norte-americana Shawn Johnson, dona de três medalhas de ouro na competição, foi diplomática ao avaliar a constante vaia que recebeu. "É natural que a torcida queira defender seu país. Mas achamos que conseguimos conquistar alguns deles. No final, vai tudo bem."

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