sexta-feira, julho 20, 2007

Cobertura da tragédia em Congonhas é exemplo de antijornalismo

:: "A pressa em culpar o governo ultrapassou os limites da leviandade", afirma deputado federal, que critica o uso político do acidente. ::
A cobertura feita nos últimos dias pela imprensa brasileira a respeito da queda do Airbus-A320 da TAM, ocorrida na noite da última terça (17/7), é um exemplo "típico" de antijornalismo. A avaliação é do deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), vice-presidente do Parlamento do Mercosul.
"Ao invés de lamentar a tragédia, cobrar a apuração de suas causas e listar as diversas eventuais hipóteses, a mídia desde o início elegeu a pista de Congonhas como o motivo do desastre", observa Dr. Rosinha. "A pressa em culpar logo o governo ultrapassou os limites da leviandade."
Dr. Rosinha critica o que classifica como "precipitação" na busca por explicações e culpados. "É preciso investigar e considerar todas as hipóteses possíveis. O que é inadmissível é o uso político da tragédia, que, no caso, foi inclusive instantâneo."
Jornalistas como Luiz Carlos Azenha, Mino Carta, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif, entre outros, já fizeram uma série de críticas a respeito da cobertura do desastre pela imprensa.
"A edição do 'Jornal Nacional' do dia 18 de julho deve ser gravada e guardada", analisa o jornalista Mauro Carrara no site da revista Novae. "Em termos de distorção nada fica a dever àquela que reproduziu seletivamente trechos do último debate eleitoral de 1989."
Casos de antijornalismo
Logo após o acidente, o portal UOL publicou matéria da agência Estado na qual um "consultor" em aviação culpa a Infraero por um "assassinato coletivo". Conforme a matéria, a entrega da obra antes da realização das ranhuras "foi uma irresponsabilidade assassina".

Ontem (19/7), o jornal "Folha de S.Paulo" publicou --com chamada na capa-- um artigo de um psicanalista que escreve o seguinte: "gostaria imensamente de ter minha dor amenizada por uma manchete que estampasse, em letras garrafais, 'governo assassina mais de 200 pessoas'".
"A maior causa de mortalidade no setor aéreo brasileiro é um mal implacável chamado incompetência", escreveu em seu blog o jornalista Josias de Souza. "[A incompetência do governo] já levou à cova pelo menos 342 cadáveres."
Em seu blog, Ricardo Noblat chegou a afirmar o seguinte: "Por que [Lula] sumiu de circulação evitando esbarrar em jornalistas? Está com medo de quê? O comportamento do presidente soa como uma confissão de culpa".
Em editorial ontem (19/7), o jornal "O Estado de S.Paulo" decretou que "eventuais falhas técnicas, ou do piloto [...] são dados acessórios". Assim sentencia o editorial: "As causas [do acidente] são a incompetência, desídia, leviandade, ganância e corrupção presentes no sistema de transporte aéreo brasileiro. Perto desses fatores estruturais, eventuais falhas técnicas, ou do piloto, na origem da catástrofe de anteontem em Congonhas são dados acessórios".

Deputado Federal Dr. Rosinha

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