quinta-feira, dezembro 02, 2010

Explicar e Compreender


 Por Osvaldo Pessoa Jr.

Como "entender" a Física Quântica? De acordo com Richard Feynman, "o comportamento atômico [...] parece peculiar e misterioso para todo mundo – tanto iniciante quanto especialista [...] Mesmo os especialistas não o entendem da maneira como eles gostariam [...] Nós não podemos nos desfazer do mistério “explicando” como ele funciona".

O que significa "entender" ou "compreender" um fenômeno físico? Quando uma explicação é dada, não passamos necessariamente a compreender? O que é "explicar"?

Uma caracterização geral é que "explicações são respostas à pergunta Por quê?". Mais especificamente, de acordo com a "visão recebida" na Filosofia da Ciência, uma tese é explicada se ela puder ser deduzida logicamente de outras premissas. Este é o chamado modelo "dedutivo-nomológico" da explicação. Esta abordagem tende a separar a "explicação" da "compreensão". Explicar alguma coisa para alguém seria antes de tudo fornecer um argumento lógico a partir de premissas mais gerais cuja verdade se aceita. Se as premissas forem misteriosas, pode-se não ter o sentimento de que se entendeu o estado de coisas, mas a explicação estaria dada.

Já a noção de "compreensão" está ligada a um estado psicológico de quem conhece uma explicação cujas premissas são aceitas intuitivamente. Se as premissas ou os fundamentos da teoria não são intuitivos, a explicação pode não trazer compreensão. Alguns críticos da visão recebida, por sua vez, procuram fundamentar a noção de explicação justamente na compreensão. Qualquer informação que traz compreensão, mesmo que não envolva uma lei ou uma teoria, forneceria uma explicação adequada.

Podemos concluir que a Mecânica Quântica fornece uma explicação cujas premissas vão contra a intuição ligada ao senso comum. Para "compreender" a Mecânica Quântica, portanto, é necessário mergulhar em seus princípios e conceitos fundamentais, e trabalhá-los de maneira que se tornem mais intuitivos, que fiquemos mais familiarizados com eles. O fato de existirem diferentes interpretações talvez facilite este processo, permitindo que o aluno escolha aqueles princípios interpretativos que mais se aproximem de suas concepções espontâneas.

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