sábado, janeiro 29, 2005

Davos aplaude a mensagem de Lula

Davos aplaude a mensagem de Lula Presidente volta a pedir ajuda de países ricos contra a pobreza Davos

Jornal Zero Hora, 29/01/2005

Uma declaração do vocalista da banda irlandesa de rock U2, Bono Vox, resumiu o clima da recepção que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve ontem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça: - Lula é um grande homem que mudou a agenda de Davos - disse o cantor, uma das personalidades pop que costumam participar do encontro para defender questões ligadas à área social.

Em 2003, o presidente havia apresentado em Davos a proposta de criação de um fundo mundial de combate à fome e à pobreza. Desta vez, Lula tem duas missões complexas. A primeira é tentar mais uma vez convencer chefes de Estado e líderes empresariais a lançar uma guerra mundial contra a fome e a pobreza. Lula também tenta atrair investimentos para o país, sob a bandeira das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e da perspectiva de crescimento sustentado da economia.

Depois de desembarcar na Suíça às 11h15min (8h15min em Brasília) Lula participou à tarde do painel Financiando a Guerra contra a Pobreza. O presidente lembrou que era visto com desconfiança ao assumir o governo. Disse que havia uma grande pergunta no cenário internacional sobre o que um torneiro mecânico poderia fazer à frente de um país como o Brasil. Lula afirmou que, dois anos depois, a economia brasileira mostrou sua vitalidade e que o país é capaz de garantir um crescimento sustentado, dando segurança aos investidores interessados em investir na economia brasileira.

Nos aproximadamente 20 minutos de sua mensagem, Lula arrancou aplausos da platéia várias vezes quando falou sobre temas ligados ao combate à fome e à pobreza.

- A fome não é um problema de quem está com fome. A fome é um problema de quem está comendo. Nós é que temos de assumir a responsabilidade de estender a mão àqueles que não estão comendo - afirmou.

Os presentes se calaram quando o presidente criticou os Estados Unidos, atribuindo a iniciativa americana de ir à guerra contra o Iraque à estrutura obsoleta da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente voltou a cobrar participação permanente do Brasil e de outros países no Conselho de Segurança da ONU.

- Almejamos efetivamente democratizar as Nações Unidas, porque, se a ONU fosse mais democratizada e mais países estivessem no Conselho de Segurança, certamente a gente não teria tido a guerra do Iraque como tivemos por decisão unilateral de um país - disse.
As declarações sobre a ONU foram feitas em resposta à pergunta do presidente e fundador do Fórum Econômico, Klaus Schwab, sobre o que Lula gostaria de apresentar como conquista positiva de seu governo se voltasse a Davos em dois anos. Em tom de brincadeira, Lula disse que só voltaria se tivesse boas notícias.

Em Porto Alegre, o sociólogo Cândido Grzybowski, que representa o Instituto Brasileiro de Análises Econômicas e Sociais (Ibase) no comitê organizador do Fórum Social Mundial, disse que representantes dos dois eventos vão dialogar no dia 9 de julho, em Paris. O encontro não será uma reunião formal dos promotores dos dois fóruns, mas de alguns organizadores dispostos a discutir a possibilidade de um diálogo para depois apresentar a proposta às cúpulas de cada lado.

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