segunda-feira, setembro 25, 2006

Vereadores pró-Barjas impedem a abertura de CPI

Folha de São Paulo (23/09/06)


Maurício Simionato para Folha de São Paulo

Vereadores aliados ao prefeito de Piracicaba (SP), Barjas Negri (PSDB), conseguiram impedir, por dez votos a quatro, anteontem à noite, a abertura de uma investigação sobre os contratos realizados entre a prefeitura e empresas da família do empresário Abel Pereira durante a gestão do tucano.

Vereadores da oposição disseram que Barjas ligou antes da votação para vereadores para pedir que a comissão de inquérito não fosse aprovada. "Com certeza, o prefeito articulou com sua bancada para que a comissão não fosse aprovada", disse o presidente da Câmara, Gustavo Hermann (PSB).

O Ministério Público Federal vai convocar Abel para depor no caso dos sanguessugas. A Procuradoria decidiu ouvir o empresário depois que a Folha publicou, ontem, reportagem em que Abel tentou, por três vezes, falar com Vedoin no dia em que a venda do dossiê contra Serra foi fechada com o PT.

Luiz Vedoin, apontado como chefe da máfia dos sanguessugas, comprometeu Abel e Barjas em depoimento anteontem à Polícia Federal, dizendo que "ele [Abel] recebeu valores para liberação de recursos pendentes na gestão de Barjas Negri [substituto de Serra em 2002] no Ministério da Saúde".

Vedoin disse que quatro folhas de papel, encontradas dentro do dossiê contra tucanos, listavam prefeituras, emendas e percentual de propina referentes a acertos com Abel na compra de ambulância. Empresas da família de Abel, do ramo de construção civil e pavimentação, venceram ao menos 37 licitações entre 2005 e 2006 em Piracicaba, no valor total de R$ 10,7 milhões.

Gravações da PF indicam que Abel esteve em Cuiabá no fim de agosto e ligou três vezes para Vedoin. Desde a denúncia dos Vedoin, Barjas não concede entrevistas (a não ser por e-mail) e não participa de atos públicos. Alguns vereadores dizem que ele está abatido. Abel também está recluso. Os dois negam ligação com os Vedoin.

Barjas disse ontem, por e-mail, que "o senhor Abel Pereira não operava no Ministério da Saúde e não tinha autorização para falar em meu nome".

Nenhum comentário: