domingo, abril 27, 2008

ENEM, PROUNI E COTAS = CRESCIMENTO + JUSTIÇA SOCIAL

Concordo plenamente com o texto abaixo:


Esse pensamento de achar-se lesado ou de achar que tem um “direito adquirido” vem introjetado no pensamento através de gerações e gerações. As pessoas vivem em rede, ninguém consegue nada sozinho. Tudo o que funciona, funciona porque houve cooperação de todos. E tudo o que não funciona também é culpa de todos.

Não existe “perder vaga” para um cotista! Isso é invenção dos mesmos imbecis que diziam que comunista come criancinha ou que se o PT assumisse o governo todo mundo teria que entregar a sua casa na praia (rarará, como diria o macaco Simão).

A criação de várias universidades no interior, a consolidação da qualidade de vários cursos de universidades menores pela obrigatoriedade de contratar professores pós-graduados, a criação de novos cursos nas maiores universidades e o aumento de vagas nas federais (a partir de 2003 ou 2004, depois de mais de uma década estagnados) e a percepção de que não há mais uma grande diferença de qualidade nem de status em vir morar na poluída, violenta e desorganizada capital fez com que o número de candidatos por vaga caísse drasticamente em pelo menos 70% dos cursos na UFRGS. Além disso, programas de financiamento do Governo Federal como o FIES e programas de financiamento das maiores universidades particulares cresceram bastante nos últimos cinco anos.

Logo, além da oferta de novos cursos, da diminuição de candidatos/vaga na UFRGS, do aumento real de vagas e da criação de novas universidades federais (a Unipampa lançou concurso para 400 professores só no começo de 2007 e todos os aprovados foram imediatamente admitidos), houve outro importante movimento: a obrigatoriedade das universidades particulares de oferecer bolsas de estudo através do ProUni para pagar de volta para a sociedade parte do financiamento que recebe por não pagar impostos como empresa e, sim, como entidade filantrópica. Se há o privilégio, então que faça filantropia.

Eu fiz umas duas ou três provas do ENEM que baixei do site. Esse é um dos meus passatempos prediletos. Mais da metade das questões são mais difíceis do que as do vestibular da PUCRS. Fui fiscal do vestibular da UFRGS duas vezes. Fiz as provas na brincadeira e teria passado com mais facilidade do que quando passei “valendo”. Então, eu sei bem a diferença. A prova do ENEM faz os alunos pensarem, enquanto a maioria dos vestibulares das universidades privadas é apenas um meio de formalizar que a criatura foi ao menos razoável no 2º grau, ao invés de medir conhecimento + reflexão.

O ENEM é uma forma equilibrada e contemporânea de avaliar a qualidade do ensino médio. Basta ver que as escolas particulares do RS não são grande coisa. O ENEM no RS em 2007, sempre em um máximo de 100% das questões, obteve os seguintes resultados: redação 59,1 (somente escola pública) x 61.79 (somente escola particular); objetivas 55.89 (somente escola pública) x 63.42 (somente escola particular).

Vale ressaltar que: 1) Há uma quantidade enorme de estudantes que não prestam o ENEM; 2) Os primeiros colocados nos principais cursos da UFRGS normalmente fazem de 80% a 100% dos pontos na redação e pouco mais de 70% nas objetivas. Portanto, o ENEM não é fraco!

É só fazer o cálculo: Porto Alegre foi a capital que menos teve crescimento populacional nos últimos 20 anos. De 1.290.000 habitantes em 1980, hoje ainda não chega a 1.400.000. Se a quantidade de filhos/mulher também baixou bastante (de 3,6 p/apenas 2,8), é sinal de que o a “elite branca” não perdeu absolutamente nada.

Essa chacoalhada é fundamental para que o Brasil cresça. Diversidade cultural, diversidade étnica, diversidade de referências de vida para enriquecer a universidade. TOLERÂNCIA. E os brancos classe AB que sempre dominaram as federais e os concursos públicos são extremamente preconceituosos e têm medo de uma forma de concorrência leal.

Fonte: Hélio Sassen Paz

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